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28 de nov. de 2010

Órfã





















Ainda que me sangrem como um leitão
Virem minhas tripas
Decepem minha cabeça, roam meus ossos.

Estraçalhem minha cabeça
com um golpe forte e preciso
e arranquem - um por um - todos os membros do meu corpo.

Ceguem meus olhos
cortem minha língua
torçam meu pescoço
queiram me seviciar com um mastro.

Meu corpo estará em torpor
Já nada me atinge...

Sem você, eu sou a dor...

24 de nov. de 2010

Oxiúros lunáticos


a sobra nutre o solo estéril
do coração que arqueja
cevando vermes poetas
baldios como poemas,
sintéticos na imensidão

tripudia por aresta defuntas,
o calo da poesia,
onde encontra voz
na mata por fora da vida,
no grito do grilo espesso,
no gracejo do percevejo,
o verme chora... esperando lua

23 de nov. de 2010

Blindex – O mito (Capítulo final)


No dia seguinte ao fatídico evento, em que um contrato de P.A. (Pau Amigo) foi estipulado, meu sócio foi me buscar at home. O carnaval estava próximo e a folia carioca bombava nos blocos do Rio de Janeiro. Todos os amigos estavam presentes. No auge de minha felicidade, não contente em brindar minhas já conhecidas homéricas estripulias à-la-mode-tradicional, ou seja, consumindo uma leve cevada, inventei de beber tequila.

O problema é que não tinha sal, não tinha limão, não tinha sequer um recipiente adequado para depositar o líquido etílico. E lá fui eu, encher um copo plástico com a suntuosa bebida, para virar tudinho de uma vez, num braço só. Acabou o bloco, fomos para uma festa, e eu continuei bebendo. Acabou a festa, nós fomos para outra festa, e eu ainda bebendo. Essa última, na casa de um grande amigo nosso, que por já ter sido citado em alguns posts aqui, merece ser nomeado. Como ele é o ser mais sujo e transante que conheço nesse mundo mundano, o alcunharei de El Copulador.

Bem, admito que quando cheguei à casa de El Copulador, já não era detentora de minhas plenas faculdades mentais. Lembro apenas que alguns dos cachaceiros e cachaceiras que passaram o adorável dia conosco iam dormir no recinto. Nesse ínterim, eu estava no quarto batendo um animoso papo com uma jovem loira gostosona, que era a fudeca do dia de El Copulador. Depois disso, a lembrança que eu tenho em minha mente é: eu, no banheiro de El Copulador, concretizando o contrato com meu P.A. – ou seja, dando freneticamente -, ao que, em uma manobra sexual sem sucesso, dei de cara com a porta do Blindex.

PÁH! SHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! Esse foi o som que embalou nossa primeira noite de intenso amor. O vidro quebrou todinho em cima da gente, o que causou pomposas escoriações em nosso corpo. Foi um banho de sangue. A loira gostosona, já dormindo, ouviu o barulho e entrou em desespero, achando que havíamos morrido lá dentro. Já El Copulador, muito preocupado com nossa saúde, sequer abriu os olhos, apesar do estrondo que foi ouvido pela casa toda, e se limitou a dizer um singelo “eles estão bem”, frase embargada em uma voz deveras sonolenta.

Meu amigo P.A., desejoso em dar uma explicação sobre o ocorrido, saiu pelado, de pau duro, com o braço todo ensanguentado, dizendo: “Quebramos o seu blindex”. Após, voltou para o banheiro e, apesar de o chão estar coberto de cacos de vidro, continuamos copulando sem parar. Não vou nem dizer que além do blindex, quase arrebentamos a pia, que também foi palco de nossas fanfarronices. Também nem vou citar que, como no dia anterior, eu ainda estava menstruada. E muito, diga-se de passagem.

Final da história: banheiro todo quebrado, marcas de sangue por todos os cantos, cacos de vidro espalhados pelo chão, pia com parafusos faltando, artigos de higiene todos fora do lugar. Imaginem uma digna cena de filme de terror. E como outros amigos – muito linguarudos – estavam presentes nesse peculiar dia, o Caso Blindex entrou para os anais da história, sendo até hoje comumente citado, quase um ano após o ocorrido. Inventaram musiquinha e tudo. E o pior... eu não me lembro de praticamente nada, mas nada mesmo, sequer faço ideia de como é que a gente foi parar no banheiro.

O que importa é que, depois disso, meu amigo P.A., que hoje se autodenomina Sr. Blindex, resolveu meus problemas várias outras vezes. Mas o mais impressionante, é que em TODAS essas vezes alguma merda estrondosa aconteceu. Foi um tal de capô de carro ficar todo amassado, velhinhos exigindo que parássemos de fornicar em público, sexo na porta da casa dos outros às 9hs da manhã... e apesar de tantas histórias toscas, nossa amizade em nada mudou.

Hoje, meninas, podem ficar tranquilas. Nossos órgãos vaginais e penianos não têm mais nenhum tipo de contato. Não temam com a minha presença, não vou mais surtar exigindo que ele me leve embora porque estou com muita vontade de dar, independente de ele estar acompanhado ou não. Nutro por esse distinto rapaz um amor gigante, ele é meu amigo de verdade. Só que, amizade por amizade, chega de sexo amigo, preciso tomar vergonha na cara e dar minha pepequinha para alguém que não esteja habituado às minhas crises bipolares.
E moral da história: Nós somos a prova concreta de que AMIGOS PODEM TRANSAR, SIM. Basta saber administrar o negócio direito.

22 de nov. de 2010

Blindex - O mito (Parte I)


Sou uma menina muito bem resolvida. Estava sei lá há quantos séculos sem dar uma boa transada, e como não consigo ficar muito tempo sem concretizar o ato físico do amor, decidi apelar para um sexo sem compromisso com um P.A. (Pau Amigo). O problema é que nem isso eu tinha, questão facilmente resolvida, levando em conta toda essa minha estonteante beleza mourena.

Foi mais ou menos assim. Um amigo por quem sempre nutri um grande carinho fraternal – e que, por um acaso do destino, eu já havia dados uns beijinhos bestas, logo assim que nos conhecemos -, me ofereceu uma carona pós-festa. Levemente alcoolizada, para variar, adentrei ao veículo automotor, sem imaginar que qualquer pensamento malicioso se aproximasse da massa cefálica de meu gentil companheiro.

Eis que durante o trajeto à minha humilde residência, ele começou a demonstrar leve inclinação ao meu ungido corpinho. Ao que eu lembrei que ele morava na mesma rua em que a festa ocorria, então, por que raios estava me levando para minha casa, localizada do outro lado do continente? Outros amigos que moram próximos de mim também estavam indo embora, eu não tinha problemas de retorno ao lar. Subitamente, senti uma leve maldade no que outrora fora uma inocente carona.

Na hora de me deixar, em vez de apenas parar o carro para eu descer, ele estacionou. E-S-T-A-C-I-O-N-O-U. “Hum... ele tá querendo um assunto”, pensei eu, cá com meus botões. “Como não peguei ninguém hoje, vou dar uns beijinhos descompromissados nesse indigente”. Fiz o meu papel e, muito franca, agarrei mesmo.

Flashback de contextualização
Ele sabe que sou dessas que quando querem, fazem por onde. Afinal, a gente só tinha ficado uma vez antes porque, como o tapado era um enrustido que não tinha capacidade de revelar toda a chama do amor que queimava em seu coração por mim, eu acabei tomando uma atitude. Eu é que não ia ser maluca de virar BEFIF (best-friend-de-infância-forever) de uma pessoa que eu queria dar uns beijinhos, sem antes dar esses beijinhos. Nossa relação já estava fadada à pura amizade, só que eu odeio sentimentos encubados. Aproveitei um dia em que nosso sangue tinha na composição cavalares doses de teor etílico e parti para o ataque. Não, os homens não são os únicos sujos que se aproveitam da bebedeira alheia.

O contrato
Voltando à carona-maliciosa-outrora-inocente. A gente deu uns beijinhos e tal, e como ele sabe que sou cheia de frescura, nem se engraçou muito – leitores, é sério, sou meio sandyzinha, mesmo. Para deixar alguém colocar a mão nos meus peitinhos é um parto, apesar de já não ter lá mais 15 aninhos. Juro que eu não queria ser assim, mas eu sou. Bem provavelmente deve ser por isso que eu quase nunca pratico o ato da fornicagem.

Enfim. Não deu muito tempo e ele queria ir embora, ao que rolou o seguinte diálogo:

- Ah, tá. Você é muito espertinho, né? Só porque eu sou só sua amiga, você já tá querendo ir embora?
- E você tá achando que só porque é toda bonita desse jeito, vai ficar me enrolando?

Plin. Caiu a ficha. Ele ia ser meu P.A, como eu não havia pensado nisso antes? Apesar de sermos muito amigos, ainda não tínhamos chegado àquele nível “não foderíamos de jeito nenhum”. Então, muito direta como sou, fiz a seguinte proposta:

- Poxa, amigo, eu tô há maior tempão sem transar. A gente podia fazer um sexo sem compromisso, sem MUDAR EM ABSOLUTAMENTE NADA NOSSA AMIZADE. Eu só quero FUDER. Aí, sempre que eu precisar, eu te aviso e a gente transa. Mas continuamos sendo SÓ AMIGOS. Eu continuo pegando meus namoradinhos e você continua com suas gambiarras da vida, como se nada tivesse acontecido.
- Já é, vamos transar agora!
- Agora não, tô pingando (eufemismo para menstruada).
- Porra, tu fica 20 mil anos sem dar, e quando decide dar, você tá menstruada?
- Pois é. Deixa pra outro dia. Mas eu vou avisar de novo, a gente vai só transar, eu quero só sexo. Se nossa amizade for mudar alguma coisa por causa disso, então eu não quero.
- Pode deixar, não precisa ficar repetindo, eu não sou igual a esses psicopatas que você fica.

Como um bom amigo, eles estava acostumado a ouvir minhas peripécias nos caminhos da paixão, e sabia que, não sei por qual motivo, só atraio homem doido, desses que te pedem em casamento assim que te conhecem. Nunca vi ter um imã para gente maluca como eu. Deve ser por isso que eu tenho essa total aversão a dar minha refinada flor para pessoas que não façam profunda parte do meu círculo social. Vai que eu sou fortemente psaicopateada? Tensão.

Mas, enfim. O que importava é que nosso trato estava feito: amizade com direito à regalias especiais. Eu – aleluia! – ia dar uma cruzada gostosa, descompromissada, sem riscos de estresses posteriores.

Fim da primeira parte. Amanhã, cenas do capítulo final.

21 de nov. de 2010

Perdida no País das Maravilhas


A certidão de nascimento poderia antever o futuro. O pai, fascinado pelos livros, registrou a filha com o nome de uma das maiores heroínas da literatura nacional. Cresceu lendo Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa. No início, o aglomerado de folhas encadernadas com capa grossa eram apenas presentes. Com o tempo, passou a comprar seus próprios exemplares, e se apaixonou pela linguagem simples de Garcia Marquez, pela poesia de Clarice, profundidade de Dostoiévski, questionamentos de Vitor Hugo, obsessões de Proust.

Sua vida se resumia a ler, ler e ler. Ela se transformava e se reinventava naquelas personagens, vivia suas emoções, decepções, aventuras. Tudo o que não era, poderia ser enquanto lia. E mergulhava assim, como uma menina que se perde na tentativa de seguir um coelho; passava dias e dias sozinha, como um jovenzinho em seu planetinha, feliz por ter sua flor para regar. Era tragada por cada uma daquelas linhas, engolida no torpor da fantasia.

Queria tanto uma vida diferente de tudo o que vivia, que para encontrar um pedacinho da paz que nunca conheceu, preferiu, sem perceber, viver as vidas inventadas por tantos outros, quem sabe tão atormentados quanto ela. E quando apenas ler já não mais bastava para satisfazer sua fome, começou a escrever. E como escrever passou também a ser pouco, começou a rabiscar o papel com muita fúria, enquanto sangravam seus dedos, sagrava a tinta azul.

E quando rabiscar se tornou pouco, ela saiu para viver, mas a vida também era muito pouco, pouco perto de toda a fábula que criava, que lia, que queria. Precisava de um mundo onde sempre experimentasse o mais extremo de todas as sensações, presenciasse as mais inusitadas situações. Mas o que via, ali no real, era muito pouco. Era preto e branco demais. Mesmo quando agia de uma maneira que era vista como anormal por todas aquelas pessoas, normais demais no seu modo de ver. Ela simplesmente não se importava mais com julgamentos.

E mesmo sendo tudo em sua vida tão absurdo, tão intenso para tanta gente – mas nunca o suficiente para ela -, não desistia, e nessa caminhada ia se perdendo entre o real e o imaginário. Suas letras já não bastavam. Mesmo os heróis da ficção, representavam pouco agora. Ela precisava de mais, e nessa ânsia foi criando uma personagem de si mesma, baseada nos trechos mais expressivos de todos os livros que havia lido, durante toda sua vida.

Foi assim que Capitu enlouqueceu.

18 de nov. de 2010

poética das cabanas


a folha espera pingar as letras
só caem gotas de chuva

a flor espera borboletas
a pedra, besouro de asas escuras

o galho menstrua entre as hortênsias

um sêmen de silêncio inunda
o útero barulhento do poema

poema feito em parceria com fred girauta

17 de nov. de 2010

Atriz


Por alguns segundos ficou estática, enquanto a multidão observava. Mas saiu do torpor e explodiu como um grito a cada frase encenada, cada sentimento fingido. Sabia que não havia um único olhar naquela sala que não fosse para ela, e ficava assim, envolvida por uma sensação como estivesse drogada. Se afogava em um prazer não comedido.

Uma santa, uma prostituta, uma louca. Reinava naquela peça, enfeitiçava uma plateia que aplaudia e vaiava. Egoísta, orgulhosa ou ingênua, quem sabe, não dividia a luz dos holofotes, que de tão fortes, sequer permitiam enxergar quem a admirava. Ela não tinha ideia, não importava se faria diferença ter.

Pouco sabia além de que o público às vezes a odiava, às vezes a amava, mas sempre ficava extasiado com sua intensidade ao se expressar. Mas do que adiantava toda aquela paixão falsa, exagerada, se ela estava sozinha, perdida em um palco de tamanho desproporcional aos seus sonhos roubados, esperanças esquecidas, verdades fingidas, realidades destorcidas?

Ela e as palavras que tanto interpretou, insistiu, berrou.

Mas ninguém percebeu, ninguém viu.

16 de nov. de 2010

para Guy Debord - com amor




E se você não se expusesse tanto?
Leu a pergunta num outdoor raspado na auto-estrada. Quis se questionar, mas precisava estar atento ao tráfego das curvas sinuosas. Pensou no último tweet que havia postado minutos antes de ler a frase questionadora. “Acabo de ver minha vizinha chupando um cara na BR 101”. O tweet, claro, era tão insignificante quanto o sexo imoral, e mais insignificante ainda que o anseio de revelar-se, dia a pós dia no balé concupiscente da mediocridade virtual do real, que só refletia o que de fato vivia. Embora soubesse disso, quis twittar sobre o acontecido.

15 de nov. de 2010

Justino merece um brinde


Justino é um rapazote deveras peculiar, que merece diferenciada atenção. Justino é daqueles que não recua diante do preconceito, hipocrisia entre outras mazelas afins. Justino abre sem pudores todo seu terno coração na presença de seus consortes, revelando intimidades ora custosas de serem aceitas nessa venal sociedade que agregamos.

Mas por que Justino merece tamanha veneração? Porque ele é visionário, um agente desagregador nesse emaranhado onde tudo é igual. Seus pêlos pubianos, por exemplo, são comparados as mais densas e ainda não exploradas matas atlânticas. Com muito orgulho, ele afirma que não gosta de aparar os cabelinhos do saco, pois se apraz em sentir aquela pelagem pomposa em seus culhões, além de ser uma divertida distração encaracolar os salientes meninos, enquanto assiste TV ou bate um papo saudável com os amigos.

“Mas você é um porco, Justino. Aposto que se tu arriar as calças, eu nem vou achar o seu pinto. Deve tá perdido no meio dessa penugem toda. Só queria ver o que você acharia se pegasse uma mulher ursona”, repeli eu, com toda minha não-aceitação-ao-diferente. Mas eis que recebi admirável revide diante de tamanha hostilidade: “Já peguei! Adoro, foi muito bom!”. Justino é desses que gostam de se divertir no pique-esconde-da-xana-peluda.

Se Justino poupa gastos homéricos despendidos pelas mulheres em sessões de tortura na câmara daquelas depiladoras mal amadas, que sentem prazer em nos ver sofrer enquanto esfolam nossa ora delicada flor com aquela melecada quente, ele também poupa o próprio bolso. “Nossa, Justino, que cheiro bom... que perfume é esse que você está usando?”. Pensam que ele respondeu “um perfume caro que me custou os olhos do cu”? Não, senhoras. “É Rexona mesmo! O roll-on! É muito mais prático e rápido!”.

E por falar em cu, Justino não se envergonha de admitir seus prazeres anais durante o ato do coito. “Pina, adoro levar um linguada no cu! Eu fico igualzinho a um bebê na posição de trocar fraldas!”. E enquanto ele faz essa bombástica declaração, começa delicadamente a simular uma singular posição, assemelhada a de uma rã no cio, pronta para copular. Assim, na frente de todo mundo. Sabemos que, verdade seja dita, todo homem se amarra em levar uma acarinhada no brioco, ficam deleitosos quando sentem uma catucadinha no botão anal. Mas são poucos os que assumem, por isso, sou fã do Justino.

Justino não se rende a indústria cultural que te vende a necessidade compulsiva de consumo de produtos caros, como uma forma de ostentação. Justino usa Rexona mesmo, igual o pedreiro lá de casa, sem medo de ser feliz. Justino não quer ver pepequinhas carecas, ele quer se fartar no meio da selva amazônica e ser presenteado com inúmeros brindes entre os dentes, após um sexo bucal-vaginal. Justino não quer apenas uma mamadinha no pequeno gigante, ele quer uma mamadinha com direito à linguada na rodelinha de onde sai feijão.

Justino é vanguarda, nessa parca sociedade composta de uma massa que se diferencia apenas em sua igualdade. Justino é pioneiro, nesse meio hipócrita e moralista onde não se pode admitir o gosto pelo afago no cu. Justino é retro, quando retorna aos ancestrais e cultiva a proteção peniana com tufas e mais tufas de pêlos cacheados. Justino é um exemplo a ser seguido. Justino é rei. E é por isso, só por isso, que Justino merece um brinde.

7 de nov. de 2010

Cuidados básicos com a vagina


Meninas, a lição de hoje é: não dêem suas pepequinhas sem camisinha. E rapazes, não usufruam pepequinhas sem antes encapuzar a bananinha. É muito simples. Um dia desses alcoolteceu uma fornicada não programada, quando vi, já estávamos no ato do coito sem que qualquer prevenção fosse devidamente adotada. Logo no dia seguinte, começou a me dar umas pinicadinhas na vagina, ao que muito preocupada, fui correndo para o consultório da médica que com tanto esmero cuida da minha bela e bem aparada flor.

Ela disse que estava tudo bem, que isso acontece mesmo e me receitou um remedinho para aliviar o incômodo, que naquele momento só fazia aumentar. Eu andava na rua sentindo aquela coceira toda, e não podia ficar colocando a mão, e era uma coisa muito doida porque eu ficava nervosa demais e começava a fazer gestos compatíveis com os de um bicho no cio, na vã expectativa de me aliviar.

Fiquei muito feliz com a pomadinha milagrosa e ansiava ferozmente chegar logo em casa para untar meu botãozinho frontal com aquela divertida pasta colorida. Só que quando eu estava quase chegando, encontrei uns amigos que me convidaram para passar algumas poucas horas de pura irreverência em um agradável botequim, que entre as especiarias servidas estão incluídos ovos de cores diversas, carne assada de leve tom esverdeado e alguns salgadinhos aparentemente apetitosos. Claro que eu não pude rejeitar tão gentil gesto de carinho e consideração comigo.

O problema foi que eu comecei a beber e o negócio não parava de coçar, e quanto mais eu bebia, mais minha pepeca ardia. E foi me subindo uma coisa que eu não sei, e foi queimando tudo aqui dentro, e eu pensava ai que dor, ai que dor, até que uma hora eu não aguentei mais e berrei muito, muito, mais muito alto: “Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai! Minha vaginaaaaaaaaaaa! Tá ardendooooooooooo!”.

Todos os gentis senhores presentes naquele modesto estabelecimento dirigiram seus olhares para mim, sem nada entender, enquanto eu me coçava, mas eu me coçava, aaaaaaaah mas eu me coçava com vontade. Foi uma vergonha, fiquei muito embaraçada. É por isso que agora eu prefiro não arriscar e só ando muito bem prevenida, para evitar qualquer tipo de contratempo desse tipo. Agora, eu já aprendi: nada de praticar o ato físico do amor sem vestir o bonequinho antes.

* Esse texto é uma crônica que não apresenta relação com a realidade. Minha pepequinha, como sempre, vai muito bem, obrigada.

4 de nov. de 2010

Só Jesus

A religiosidade é uma coisa curiosa. Cura doenças do corpo e da alma, recupera riquezas e, em casos extremos, dribla a própria morte. Vide o que fez Jesus, aquele compadre faceiro. Mas 2 mil anos e uns quebrados depois, é cruzar uma esquina para ver com os próprios olhos - ou ouvir, em alto em bom som, graças à popularização de microfones e amplificadores - as consequências de um bocado generoso de fé.
Outro dia, em um laboratório de análises clínicas, se deu uma manifestação grandiosa do poder da mão de Deus. A fila para o atendimento era grande, e ir ao banheiro era uma questão de tempo. Afinal, o leite com toddy de todo dia não aguenta tanto tempo sem dizer a que veio. De dentro do reservado, era possível ouvir a conversa de duas moças de voz abafada.
- Estou ansiosa para o resultado do exame...
- Calma, vai dar tudo certo. Se você não se convencer, você repete.
- É... né? - refletia em voz alta, buscando aprovação. - Fico com medo... Aids é um problema muito sério... mas além de toda a polêmica da doença e todos os riscos de saúde, fico mesmo preocupada com a minha vida. No sentido metafísico mesmo.
- Sem drama, né. Que sentido metafísico o que... Fica dando adoidada... É nisso que dá.

Nessa hora, eu saía do meu cubículo. As duas freiras me olharam assustadas. De olhos arregalados, murmurei um Amém. Que Deus abençoe minhas mãos não lavadas.

Campanha "Gostosa Forever". Entre nessa corrente!


Ouvi ontem de um amigo: "a coisa mais triste da vida é ver uma mulher embuchar". O comentário não foi aleatório. Nos últimos dias em que estivemos juntos, comi feito uma draga. Sua frase de efeito a là Nelson Rodrigues foi como um leve tapa com luva de pelica. Mas desde então, comecei a analisar melhor a oração. E não é que é verdade?

Minhas últimas experiências comprovam que ter cérebro não vale de nada; isso quando - pasmem - se torna um mal negócio. Mulher inteligente, culta e interessante demais é mal-vista em círculos onde reinam a ignorância e mediocridade. Mais vale uma bunda e um bom par de peitos. A beleza atrai mais amigos que um bom-papo. É estatística. Procure nas redes sociais. As mais belas são as mais populares. Aprendemos isso desde pequenas, nos infindáveis blockbusters americanos da Sessão da Tarde.

O cenário é sempre o mesmo: o High School, ou Ensino Médio, cá pra nós. A líder de torcida sexy arrasa corações e humilha a nerd-sardenta-de-aparelho-e-óculos, isso quando a boazuda não é a melhor amiga dela, porque afinal de contas desgraça pouca é bobagem! A pobre da CDF passa o filme todo em crise, é a melhor aluna da escola, os professores a adoram, mas... Ela é feia que nem o capeta! E aí, aí meus caros leitores, é que entra a lição de nossas vidas: ela passa por uma mega transformação, um verdadeiro Extreme Makeover fashion. Fica linda, chega no baile arrasando e conquista, enfim, o cara dos seus sonhos (geralmente o capitão do time de futebol ou beisebol, tanto faz!), afinal nossa existência se resume a isso, não é?! Andar atrás do príncipe encantado!

Qual a conclusão que chegamos? Só uma, lógico: pra que, pra que, meu Deus, ler Doistoiévski, Clarice, Leminsky? Falar de artes, teatro, cinema, música? Pra que? Nada disso vai valer a pena se teu traseiro não estiver em pé, com algumas celulites, vá lá, mas arrebitado E com marquinha de biquíni.

Assim, tomei uma decisão sábia e importante: vou vender meus livros, poupar a grana do Odeon e das peças que ia ver e leiloar meu notebook. Vou pegar a grana, fazer uma lipo, comprar um moderador de apetite e um belo fio-dental. A partir de agora, dou expediente na praia. Quem sabe até arrumo um marido rico?

Como disse outro amado amigo meu: em terra de medíocres, quem tem cérebro é inútil.

Um quase ménage

Após relatar aqui o ménage que não rolou com meus estimados consortes, me ocorreu um fato peculiar. Fui fortemente impulsionada a quase cometer de verdade esse ato afetivo grupal, com direito a todos os tipos de sacanagens durante o coito. Porém, minha síndrome “sou Sandy” me obrigou a refutar o gentil – e quase forçado convite.

Deixe-me relatar o acontecido. Estava eu, como sempre, feliz e sorridente em uma festa, revelando meu corpinho escultural em um vestidinho bem curtinho, nos sobes e desces tão aclamados no populesco ritmo do funk carioca. Ao que uma amiga me chamou para dar uma leve requebrada ao lado dela e de seu viril parceiro. Normal. Lá fui eu, muito inocente, empinar minha humilde bundinha.

Dançamos horrores durante a noite toda enquanto ingeríamos líquidos de elevado teor etílico, no clima mundano das boates metropolitanas. Ao que na hora de ir embora, fiquei chocada com o tamanho da audácia do púbere pimpão. Com nós duas no carro, ele cismou porque cismou que ia entrar em um motel. E vocês acham que a namorada dele, a jovem por quem nutro um carinho puro e fraternal, se indignou com a situação??? Nãaao, senhores. Ela se escangalhava de rir, achando tudo muito engraçado.

Cara, pelo amor, não rolou sequer um amigável desenrolo para saber se eu toparia a tal da fornicação. Até porque, eles já deveriam imaginar que minha resposta seria um redondinho “não, muito obrigada, deixa para outra oportunidade”. Bem franca, muito mal eu estou transando com um só. Agora, imagina ceder meu corpinho assim, para duas pessoas? Minha última experiência sexual foi muito romanticazinha para eu levar tal choque assim, sem preparação psicológica alguma.

A situação intempestiva poderia ter me deixado revoltada, muito ofendida, mas a parada foi tão tosca, que não tinha como não cair na gargalhada. Até porque eu fiz questão de mostrar para todas as recepcionistas dos motéis que ele tentou adentrar que havia uma terceira pessoa presente no veículo automotor. E como sabemos, pelo menos oficialmente, três pessoas não são permitidas nesses aconchegantes esconderijos da paixão.

A negociação
Cara, aquele indigente bêbado tentava de tudo para convencer as recepcionistas a deixarem ele entrar com o carro. E não adiantava eu dizer que não ia dar para ele, muito menos deixar rolar uma pomposa briga de aranhas com minha amiga. Ele fingia que não me ouvia e usava os argumentos mais absurdos com as atenciosas senhoras que laboravam na entrada do recinto. “A gente só vai dormir, eu tô falando sério!” ou “quero uma suíte com piscina... a gente só quer fazer aula de hidroginástica!”. Eu juro, mas eu juro de verdade, que ele falou essas coisas. Agora, me diz... tinha como não passar mal de rir com isso?

Mas não é que teve uma espírito de porco que resolveu liberar a entrada? Aí foi minha hora de agir. Com meu jeito muito sutil de ser eu dei um pulo e berrei. “Nãaaaaaaaaao. Eu já falei que não vou entrar, não aceite o dinheiro dele”. Confesso que pareceu que eu estava à beira de um estupro e, de fato, se analisarmos friamente a situação, não faltou tanto assim, apesar do clima ter sido de pura descontração. E eu ainda acho minha vida monótona e sem sal... Putapariu, essas coisas só acontecem comigo mesmo.

Por fim, ele se convenceu que da minha pepequinha não sentiria nem o cheiro e resolveu me deixar em casa. Claro que para esse processo ser mais rápido, eu tive que ludibriar o rapazote, prometendo mundos e fundos, como uma viagem romântica à três, num inesquecível final de semana na costa de nosso animoso Rio de Janeiro. E o trouxa acreditou.

Para compensar, descontou todo o seu tesão reprimido em sua querida namorada, após meu delivery. Ele, que estava com disposição para duas, extrapolou tudo em uma só, ao que a pilantra conivente de minha amiga ficou toda assada no dia seguinte. Pois muito bem feito, aquilo foi castigo, por ela ter se aproveitando de minha inocência e me jogado naquela sacanagem em potencial, depois de eu já ter bebido cerveja, vodca e até champanhe. Ou seja: eu estava muy looouca de bêbada, com poucas condições de raciocínio.

Enfim, de minha parte, fica aqui apenas um reflexão. Não sou tão puritana, não vou dizer que a hipótese de uma surubinha seja totalmente descartável em minha vida. Mas ver o homem que eu amo comendo outra mulher, ah, mas isso não. Podem me chamar de moralista, de fresca, da porra toda. Mas quando o amor bate em meu peito, SOU EGOÍSTA, SIM. Essas coisas caóticas só são passíveis de experiência no ritmo da solteirice plena. Pelo menos para mim. Que me perdoem os casais liberais, nada contra. As casas se swing bombam exatamente graças a esse próspero negócio: o da junção-do-amor-livre-com-a-sacanagem-grupal.

Lição de moral do dia: Nunca mais entro sozinha e bêbada no carro de um casal de amigos, sem deixar bem claro antes que não darei para eles. Ou não.